Meu primeiro computador foi um Apple IIe, num tempo remoto, onde ninguém tinha computadores. Custava caro, tive que implorar para meu pai comprar e fui até escondido com minha mãe na loja. Era igual a ter um objeto de ficção científica em casa. Tínhamos que rezar para não quebrar pois não haviam garantias, consertos, nem internet pra procurar ajuda no Google. As pessoas chegavam lá em casa e perguntavam o que era aquilo, você era um nerd, e elas riam, achavam graça, mas depois que conheciam acabavam por gostar. Tinha um excelente pacote de aplicativos de processador de textos, planilha chamado Apple Works, e muitos jogos como Conan, Summer Games, King´s Quest, Space Quest entre outros. Que Saudade! Tudo muito lindo no monitor monocromático preto e verde. Para você ter uma idéia, já existiam até programas para “editar gráficos”, criar animações como o Take One, e se você olhar hoje em dia para uma imagem daquela época vai com certeza achar que não serviam pra nada. Aquela era a nossa realidade, precária, mas com grande entusiasmo, era uma revolução, e eu adorava. Tudo era muito difícil, arrumar programas novos, copiar, usar lentos “disquettes” de 1,44mb, pois é, não existiam HDs, não existiam placas de som e sim bipes. Mas era um começo apaixonado por um mundo que seria a realidade do futuro, a visão do Steve Jobs, o Leonardo da Vinci dos tempos modernos, com a mesma grande paixão que vemos nos dias de hoje. Por isso, pra quem viveu essa época, ver partir o inventor da Apple e toda sua linha de produtos que mudaram o jeito de relacionarmos com o mundo, é ver partir um pouco da nossa própria história. Uma nostalgia de infância, gostosa e ao mesmo tempo triste por não voltar mais, e estarmos sozinhos sem a figura que nos trouxe até aqui. É como ele dissesse – “Agora é com vocês”.